terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Da mulher sobre a qual não se falou.


Acho a maior graça quando me deparo com algumas reportagens de certas revistas femininas intituladas mais ou menos assim: "10 indícios de que ele está de traindo", ou "21 formas de prendê-lo na sua cama", ou "Como fazer com que ele fique definitivamente com você" (será que ele é de outra mulher?), ou "05 produtos MUST HAVE" (hello, e se eu não tiver grana para comprar?)!
Há pouco escrevi um texto intitulado "Eu digo não à ditadura da moda" e muitas pessoas acharam muito contraditório da minha parte escrevê-lo, uma vez que estou sempre falando a respeito de moda, beleza, produtos de beleza e cia. Realmente é um grande erro de interpretação! Gosto muito de roupas bonitas, de bons produtos de beleza... mas não sou escrava deles! Sou contra o imperativo que a mídia tenta gerar nas pessoas de padrão que elas devem atingir para serem mulheres admiráveis! Simplesmente porque na minha ótica a beleza é algo que começa de dentro para fora! O padrão começa em mim e não no que compro.
Quando uma revista faz uma reportagem tentando "ensinar" a prender um homem sexualmente a você, ela simplesmente está tentando tratar as coisas de uma maneira mais fácil e que dê IBOPE! É mais agradável prender sexualmente, é mais fácil, é mais chamativo... é mais vazio, é menos valoroso, é mais fugaz. Até hoje não encontrei alguma reportagem mais ou menos assim: "Não deixe seu casamento ir à falência: saiba como!", ou "10 motivos para você não se envolver com homem casado" ou "07 maneiras de se valorizar e ser valorizada". 
E o que dizer da imposição do consumo? A pressão psicológica é tão grande que se a mulher não comprou a calça listrada ou blusinha de onça ela não vai naquela festa! Veja bem: a Chanel, grife francesa adorada no mundo inteiro, só é a carérrima Chanel, porque um dia Gabrielle Bonheur Chanel tornou-se uma mulher muito admirada, habilidosa, competente e influenciou sua época com suas criações. Experimente vestir uma mulher grossa e mal humorada com roupas Chanel da cabeça aos pés e vá com ela a um restaurante descolado (aquela sua amiga mocoronga que vive reclamando)... Ela não passará de um Elefante Branco ao seu lado, além de ser um fardo durante a noite toda! Experimente você, vestir-se de alegria, autoestima, bom humor e um pretinho básico para arrematar (pode ser aquele mesmo que você viu na vitrine da Renner por 79,90 reais)! Não se esqueça do make nude!
Se você puder pagar por vestidos grifados, que bom! Mas se não puder: que bom 
também! Se você puder comprar todos os modelos de botas das estação: que legal! Se não puder: não tem problema... você não é uma centopéia! A questão é termos em mente que o fato de termos ou não os produtos estampados nas revistas não nos fará mulheres mais aprazíveis ou bonitas! 
 Somos bonitas quando somos verdadeiras, quando sorrimos destravadas, quando olhamos nos olhos, quando falamos a verdade, quando somos gentis, quando acolhemos... Somos mulheres bonitas quando nos valorizamos, quando somos amigas, quando nos amamos, quando falamos sobre nossos sonhos, nossos dramas... sem máscaras! Somos mulheres lindíssimas quando admitimos nossos erros, quando pedimos perdão a alguém. Somos mulheres deslumbrantes quando nos preocupamos umas com as outras, quando paramos para ouvir uma pessoa aflita... Sobre tudo isso as revistas não falam! Pois para sapatos, bolsas e roupas grifadas existe seu Mastercard... mas para uma mulher valorosa não há espaço na mídia!